domingo, junho 14, 2009

pôr do sol

Cenas, ou melhor, áudio de um sábado a tarde dentro de um ônibus voltando de Campinas.
A menina deu o fora no cara e agora quer voltar. “Falar, falar até papagaio fala meu filho”. Esse é o jeito que ela conversa com uma pessoa que ela quer estabelecer um relacionamento. Imagine então se fosse para terminar?
E a mulher do meu lado compenetrada em uma leitura X. As vezes (leia-se, sempre) tenho a mania de ler o livro junto com a pessoa que está do meu lado. Uma vez um menino, que deveria ter seus 16 anos, estava com o livro preto da Bruna Surfistinha, sim, eu tenho que designar a cor, porque aquela lá vai lançar o arco íris inteiro contando suas histórias eróticas (eróticas não, no meu parecer são nojentas em sua maioria). Agora a mulher ao lado está no capítulo XI – Fernando encontra o filho. Estou meio ansiosa para saber o nome do autor do livro. Mesma que seja uma decepção do estilo Paul Rabbit.
Dizem que a vida de cobrador é dura. Mas a do cobrador desse ônibus (600 – direto) é bem mole. Faz 15 minutos que ele está falando no celular, sentado, sem nenhuma preocupação. Eles podem até não ganhar bem, mas convenhamos que eles não se esforçam muito para isso.
Uma vez nessa mesma linha tive a sorte de pegar o ônibus vazio. No final não foi tão sorte assim. O cobrador, muito audacioso, começou a conversar comigo (digo audacioso não para menosprezar o contato, mas porque ele saiu da sua confortável cadeira e se dirigiu até a minha desconfortável cadeira/ poltrona). E ainda teve a petulância de me chamar pelo diminutivo. E alguém acha que eu fiquei brava? Em hipótese alguma, são esses acontecimentos que tornam a viagem de volta para casa mais engraçada.
A moça atrás de mim desistiu do namorado e agora está ouvindo um Black-deprê (se é que isso existe). Não, ela não está com o fone de ouvido, e fica alternando entre um pagode dor de cotovelo e o tal Black. E diga-se de passagem, está falando alguns decibéis a mais do que o permitido por mim e por toda pessoa educada dentro de um veículo fechado e cheio de gente.
“E agora minha gente, comigo: eu nasci pra te amar, só pra te amar, só pra te amar...”. Não sei o que é mais desastroso: ouvir isso ou assistir a judia da novela falando “eu sei, porque eu já sofri muito nessa vida”. Deve ter sofrido porque talvez tenha nascido só pra amar, só pra amar. Infâmia a minha. Prefiro a aquarela que está no céu.

domingo, abril 19, 2009

Alienando.

Já pararam para pensar no significado dos sentimentos?
Mágoa, segundo Houaiss, é um desgosto recolhido cujas marcas transparecem no semblante, nas palavras; tristeza, amargura e pesar. Já Aurélio, define mágoa como paixão. E eu interpreto mágoa como o fim de uma paixão. Estranho? Talvez.
Medo, sentimento de viva inquietação ante a noção do perigo real ou imaginário, de ameaça; temor. O medo exaltado se transforma em pavor. Provoca reações físicas, como descarga de adrenalina, e psíquicas, como depressão e pânico.
Raiva, por que será que tanta gente desenvolve esse tipo de sentimento? Caracterizado pela insegurança, gera um protesto contra alguma coisa ou alguém, que se exterioriza quando o EGO sente-se ferido e/ou ameaçado. A raiva prolongada é denominada rancor.
Aí a coisa começa a ficar complexa, o rancor é um tipo de ódio, tal como a antipatia, a aversão, o desgosto. E além de tudo, o ódio é um sentimento oposto ao amor, ou seja, raiva, rancor e ódio (claro, entre outros fatores) não são características e uma pessoa que ama. Ou será que a mágoa originada do fim de um relacionamento gera medo, raiva e rancor? Qualquer um fica apavorado com essas dúvidas.
Mas no meio de tantas dúvidas, será que o amor não é o remédio para a "cura" dos males causados por ele mesmo? É válido pensar que sim, pois no meio desse turbilhão de emoções o que sempre fica é a saudade. Nossa alma sempre busca o que nos faz bem. Os calendário da alma não tem antes nem depois. Na alma, o tempo é sempre presente. Ela vive chamando de volta um tempo que já passou: isso tem o nome de saudade.
A alma é atrasada. Não quer progresso. Não quer ir para o futuro. O que ela deseja mesmo é voltar para o passado, porque como diria Rubem Alves, é no passado que moram os objetos que nós amamos e perdemos. A alma navega sempre ao contrário, na direção do amor.

terça-feira, abril 07, 2009

Certas Coisas

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado
Como quem houve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Mas somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
(Lenine)

domingo, março 22, 2009

Me Surpreenda!

O significado dessa palavra no dicionário é: causar surpresa, maravilhar.
Quando eu tinha lá pelos meus 5 anos, o que me causava surpresa era minha mãe aparecer para me buscar na escola (risos). E no decorrer dos anos, com as mudanças pelas quais todos passamos, cheguei a chamada "aborrecência", e o que me surpreendia era a vontade de fazer tudo e não poder fazer nada. Mais tarde eu vi que era coisa demais para tempo de menos.
Ontem, em uma conversa de bar, uma amiga soltou a seguinte frase "quero que ele me surpreenda, mas não adianta, é constante". Hoje parei para pensar no contexto. Ultimamente nada, absolutamente nada, tem me surpreendido, então faço das palavras dela as minhas.
Vou esperar, nem que seja sentada, mas a atitude não partirá de mim, não dessa vez. Há quem diga que quando gostamos de alguém, as surpresas acontecem todos os dias. Não que as pessoas nos surpreendam, o que nos surpreende é a intensidade dos fatos e sentimentos. É algo que foge do controle.
Já me surpreendi algumas vezes, e confesso que foram momentos marcantes. Mas hoje, eu posso afirmar com todas as letras, ninguém tem me surpreendido. As pessoas podem até achar que as atitudes dela supreendem, mas a minha interpretação é diferente. Por isso eu digo: me surpreenda!

domingo, março 15, 2009

As Esperas

Ta feito, mas não garanto continuidade nas postagens. Mas espero que elas continuem.
Escrevo pouco, as vezes mal (quase sempre vá). Mas da pro gasto. (risos)
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Por que esperamos ?


Esperamos demais para fazer o que deve ser feito, num mundo que só nos dá um dia de cada vez, sem nenhuma garantia do amanhã.
Enquanto lamentamos que a vida é curta, agimos como se tivéssemos à nossa disposição um estoque inesgotável de tempo.
Esperamos que as pessoas estejam sempre disponíveis para nós, ou que nos entenda sempre. E acabamos nos decepcionando quando essas expectativas são frustradas. Mas não paramos para pensar o porque da frustração, na verdade somos nós que nos decepcionamos com a imagem que criamos. Não as criamos voluntariamente, a idealização é consequência do valor que damos as pessoas ou sentimentos.
Esperamos para falar e, quando falamos, esperamos para agir também. Nossas ações não dependem só da gente. Geralmente nossas vontades não são atendidas. Somos orgulhosos demais e queremos as pessoas nos atendendo, ouvindo e apoiando, mesmo quando estamos errados (diria: especialmente quando estamos errados).
Esperamos para demonstrar afeto, na ilusão de conhecer "bem" quem gostamos. Esperamos para ser feliz, pra fazer feliz, pra dizer "eu te amo". E quando essas ações são concluídas, esperamos que a pessoa retribua da mesma forma. E mais, esperamos não sofrer ao final de tudo. Mas quem garante isso? Na verdade, parece ser consequência sempre.
E quando estamos sofrendo esperamos que isso nunca mais aconteça. E sempre acontece, ficamos felizes para nos entristecermos depois, e achamos que isso é uma fase da vida. Digo mais, é uma fase não passageira. Todo mundo ama, se machuca, levanta a cabeça e o ciclo se repete. Entristecemos para ficarmos felizes ou ficamos felizes para entristecermos?

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